CONSIDERAÇÕES INICIAIS ACERCA DA ATRIBUIÇÃO DE PERSONALIDADE A AGENTES AUTÔNOMOS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Giovana Figueiredo Peluso Lopes

Resumo


Neste trabalho, busca-se investigar se agentes autônomos de inteligência artificial poderiam ser considerados como pessoas pelo Direito. Para tanto, serão investigados os motivos que levam à atribuição de personalidade às pessoas naturais e aos entes coletivos para, posteriormente, verificar se os mesmos se aplicariam a sistemas artificiais. Será argumentado que, por não possuírem intencionalidade intrínseca, a tais agentes somente é possível atribuir a personalidade em sentido puramente formal, baseada em critérios utilitários, a exemplo do que ocorre com as pessoas jurídicas. Metodologicamente, a pesquisa é de natureza bibliográfica e caráter teórico-propositivo, valendo-se de fontes documentais diretas e indiretas.


Palavras-chave


Inteligência artificial; Personalidade; Pessoa jurídica; Intencionalidade; Consciência.

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